As
declarações ofensivas do secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão de
Arapiraca, Antonio Lenine Pereira Filho, contra os servidores municipais da
Educação, em greve há 82 dias, resultarão em milhares de ações contra ele na
Justiça. A conhecida falta de habilidade política e de gestão do empresário,
como é de conhecimento de quem atua nos bastidores do Município há muito tempo,
tem contribuído diretamente para a manutenção da paralisação.
Em tom de voz agressivo, comum a
ele, o empresário concedeu entrevista ao radialista Ailton Avlis na manhã da
última segunda-feira (24). Na ocasião, ele afirmou que “facções” atuam nos
bastidores de sindicatos, o que incluiu também o Sindicato dos Trabalhadores da
Educação de Alagoas (Sinteal). “Há suspeita de que existem facções querendo
tomar o poder [nos sindicatos]”, frisou Lenine.
E ele prosseguiu com seu ataque a
servidores públicos que reivindicam seus direitos, negados friamente pela atual
gestão municipal, que tem à frente um professor e proprietário de escola. “15,
20 baderneiros se posicionaram [nos portões] dando todo um prejuízo ao
município, evitando que servidores entrem para seu dia de trabalho normal”,
atacou.
O secretário esqueceu que os
portões do Centro Administrativo foram fechados com cadeados e a Polícia
Militar acionada por decisão dele próprio, em orientação ao prefeito Rogério
Teófilo (PSDB), segundo informações colhidas pelo Jornal
de Arapiraca junto a uma fonte da atual gestão, que não
terá a identidade divulgada. Ainda durante a entrevista, o secretário atribuiu
ao prefeito um suposto “temor” por algum tipo de vandalismo partindo justamente
de quem estuda para educar, para formar cidadãos.
Antonio Lenine, em seu destempero
e inabilidade política, também disse que “talvez seja isso que quem não costuma
trabalhar esteja querendo”, ao se remeter a um suposto confronto que estaria
sendo planejado pelo comando de greve, o que nunca foi tratado ou deliberado
durante as assembleias da categoria.
A reação da categoria às
declarações lamentáveis do secretário municipal, em greve ou não, foi imediata.
Uma professora que não quis se identificar e que não pode aderir à paralisação,
mas apoia o movimento afirmou que “foi muito doloroso ouvir esse homem me
chamando de criminosa. Enquanto eu estava com livro na mão levando saber aos
meus alunos, ser comparada com bandido, traficante, com gente ruim. Espero que
ele pense muito bem no que ele vai dizer das próximas vezes”, desabafou em
áudio enviado ao Jornal de Arapiraca.
E ela prosseguiu. “É um
desrespeito com qualquer categoria. É muito forte o que ele falou. Já levamos
nomes de vagabundos, desocupados, mas de facção... Considero imperdoável. Não
espero mais nada de bom”, falou a professora.
Outra professora que também optou
pelo anonimato temendo futuras perseguições da gestão municipal, destacou que o
secretário “não tem habilidade, competência ou conhecimento para ocupar
qualquer cargo público. É nisso que dá os conchavos políticos. Esse homem não
deve saber nem administrar a empresa dele. Muito me admira o nosso prefeito
ouvir esse senhor para alguma coisa. Não sei o que pensar do futuro da nossa
cidade”, afirmou a educadora.
Já a professora Josi Pereira, que
trabalha na Creche Sebastiana Bezerra, localizada no bairro Mangabeira, não
teme prováveis perseguições. “Nós conhecemos a verdade. Temos que mostrar à
sociedade que ele é o mentiroso. Ele colocou os cadeados [nos portões do Centro
Administrativo]. Resistimos até agora e precisamos resistir ainda mais. Você
tira o meu dinheiro e nós tiramos o seu sossego”, desafiou.
As respostas da categoria
O presidente do Núcleo Regional de
Arapiraca do Sinteal, André Luís da Silva, disse que, a exemplo da categoria, também
repudia a atitude do secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão de
Arapiraca. “Ele não tem conhecimento do que é facção e muito menos do que é
educação, do que é ser educador. Temos divergências, sim, no sindicato, mas a
nossa luta está unida. Isso é normal em todas as classes. Divergências devem
existir, afinal somos professores e temos o direito de divergir entre nós”.
As palavras do presidente do
Núcleo Regional de Arapiraca do Sinteal, André Luís da Silva, reforçam o
sentimento de indignação e repúdio que toma conta dos servidores do município e
da população que conheceu um pouco mais do temperamento do secretário de
Planejamento, Orçamento e Gestão de Arapiraca, Lenine Pereira, alguém que até
poucos dias, sequer existia para a cidade, mas age como quer nos bastidores da
política local e também pelos corredores do Centro Administrativo.
O dirigente sindical antecipou que
uma cópia da gravação já foi entregue aos advogados do Sinteal que também irá
processar o secretário, já que os servidores da Educação já decidiram que irão,
de forma individual, processar Lenine Pereira nas esferas cível e criminal. “Se
bem que é de esperar esse tipo de secretário que não respeita servidor público
e nem entende o que é uma greve numa gestão que tem um ex-secretário estadual
de Educação que já mandou servidores tomarem naquele lugar também em
reivindicações justas”, lembrou André Luís.
Bolo de aniversário
Durante assembleia realizada na
manhã de ontem, os servidores aprovaram a continuidade da greve, mesmo com a campanha
da Prefeitura disseminada em redes sociais e grupos de troca de mensagens
informando que a paralisação acabou. Iniciativa que foi alvo de diversas
críticas dos servidores durante seus pronunciamentos.
Entre as propostas, uma foi
unânime. Aos 90 dias de greve, os servidores irão ao Centro Administrativo com
um bolo de aniversário, em homenagem ao prefeito Rogério Teófilo e ao
secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão. “Iremos cantar parabéns. Eles
merecem essa homenagem”, salientou André Luís.
O dirigente sindical informou que
o Sinteal já entrou com uma ação no Fórum de Arapiraca para que a “Justiça
comum determine o aumento. Ele não teria a obrigação de dar o reajuste se a
gente ganhasse a mais do que o piso, o que desde janeiro não acontece. Nenhum
prefeito foi preso no Brasil por ter dado aumento a servidor. Isso ele sabe”,
explicou.
Por fim, durante entrevista ao
Jornal de Arapiraca, o presidente do Núcleo Regional Arapiraca do Sinteal
explicou que o ano letivo 2017 não está perdido, como pessoas andam espalhando.
“Se a gente retornar em agosto, por exemplo, seguiremos até junho. Em julho
iniciaremos o ano letivo 2018. Nada está perdido, a começar pela nossa luta”,
finalizou André Luís.
Na próxima terça-feira, dia 1º, os
servidores irão em caravana até o Tribunal de Justiça de Alagoas, em Maceió,
com a finalidade de cobrar um posicionamento a respeito da legalidade da greve,
condição dada como certa, e também para mostrar os contracheques que novamente
terão descontos pelos dias de paralisação durante o mês de julho.
Fonte: Reprodução Arapiraca News
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Um comentário:
No Japão os Imperadores curvam diante do PROFESSOR, e aqui é um total de desrespeito por alguns que se diz autoridades.
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